sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Carta aberta da Sociedade de São Francisco do Brejão ao Juiz Ângelo Antonio



Excelência,
Gostaríamos de termos o prazer de receber o vosso olhar: Excelência, primeiramente, olhe para São Francisco do Brejão, uma cidade que teve a sina de conviver sem o registro de uma obra iniciada e terminada pela gestão (melhor, “ingestão”) que fecha um ciclo de quatro anos de total abandono e indiferença a toda legislação repressiva aos crimes contra o patrimônio público; Excelência, olhe para uma cidade que convive com ausência de serviços básicos, entre eles, a falta d’água e a coleta de lixo; Excelência, olhe para um mandato em que seu gestor se deu ao direito de sacar recursos da previdência própria de servidores e que desconta rigorosamente valores de empréstimos consignados e não repassa um único centavo ao banco credor, deixando irrestritos todos os servidores; Excelência, olhe para mais de trezentos pais e mães de família há três meses sem receber os seus vencimentos e, quando chega a hora do café da manhã nos falta R$ 0,25 (vinte e cinco centavos) para comprar um pão pra os nossos filhos; Excelência, olhe para famílias inteiras que não tem mais onde comprar porque o comércio já não acredita mais que poderá receber, são mais de trezentas pessoas, entretanto, indiretamente toda a cidade que vive ou sobrevive dos salários dos servidores está em situação caótica.


Excelência, o direito básico à educação, desde o dia 08 de outubro não funciona, as nossas crianças que são privadas de uma educação de qualidade, convive com uma educação raquítica patrocinada pela incompetência de uma gestão que nunca capacitou servidores, não dispôs transporte e nem alimentação escolar; Excelência, olhe para um prefeito que nunca cumpriu prazos do Ministério Público, Procuradoria do Trabalho e nem Juizado, que acaba de divulgar cronograma de pagamento na qual exclui os meses de outubro, novembro, dezembro e décimo terceiro salário numa clara tentativa de abandonar os débitos para a próxima gestão; Excelência, o princípio da dignidade humana tão bem pregado nos cursos de direito, são negados pelos gestores e só poderá ser garantido graças a ação imparcial e impessoal do judiciário – este é mais perfeito encontro: dignidade humana e imparcialidade do juiz; Excelência, um povo que não paga o que deve e que não tem o pão de cada dia é um povo sem dignidade humana e hoje se não for Vossa Excelência o protagonista da mudança, não teremos mais na ótica humana um cidadão capaz de reverter esta situação; Excelência, o que falta a esta cidade que testemunha agonizante o estado de abandono em que vive sua gente e seu povo?

Nós não queremos muito, queremos o eficaz, recursos bloqueados e por consequência, famílias alimentadas, pra nós isto é tudo, está em vossas mãos a certeza de que a justiça não é injusta e o que diferencia nós seres comuns do judiciário, é a possibilidade de que por meio dele direitos e deveres deixam de ser meros conceitos, mas a direção pra o justo, e o que é justo aqui e agora?

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