terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Escola e a Informática




Quando o computador pessoal e a internet se popularizaram no Brasil, há pouco mais de dez anos, muitos festejaram as maravilhas que essas tecnologias trariam para a educação. Ao mesmo tempo, outros gritavam alertas para o perigo de se substituir professores por máquinas. Hoje essa discussão não faz sentido. Está claro que o PC pode somar (e muito) dentro da sala de aula, o Ministério da Educação já instituiu a Informática como disciplina do Ensino Fundamental e a internet, com tantos caminhos possíveis, é uma arma educacional poderosa - se bem direcionada. O desafio, tanto para professores quanto para pais e estudantes, está em acertar a direção.

"Não se trata de falar de benefício ou de malefício. O uso da informática na educação é uma questão de cidadania, sendo crucial que sejam todos tecnologicamente incluídos", analisa Gilberto Lacerda, PhD em Educação e doutor em Psicologia. Segundo ele, está cada vez mais fácil levar um computador para as escolas, mesmo sendo o cenário nas particulares incomparavelmente mais evoluído que nas públicas.

"Muito mais difícil é alunos e professores fazerem um uso inteligente desse aparato tecnológico", aponta. Mas como seria o uso inteligente dessas tecnologias? Para educadores e especialistas consultados pelo Correio, o computador e a internet são ferramentas de auxílio ao ensino da disciplinas e assim devem ser usados. "O professor deve saber se beneficiar da tecnologia pois ele ainda é o articulador de tudo dentro da sala de aula", avalia a gerente de tecnologia educacional do grupo Positivo, Elaine Getter.

"A concepção mais correta da utilização da informática é quando o aluno a usa para aprender as matérias, não importando se ele sabe mexer na máquina", reforça o assessor de tecnologia da informação da Secretaria de Educação do DF, Valdir Moizinho. "Comparo o computador a um lápis. Um lápis superpoderoso, mas ainda assim uma ferramenta que não substitui o professor e o estudo", diz o diretor dos portais educacionais Positivo, Samuel Lago.

Dessa forma, aparecem, aos poucos, exemplos de vantagens claras da informatização do ensino. Da simples prática de digitação de uma redação manuscrita ou a feitura de uma planilha de matemática à criação de jornais, construção de páginas na internet e projetos interdisciplinares que exploram a criatividade dos alunos.

"Já foi observado claramente que alunos faltosos e desinteressados se animam com atividades com informática", afirma Valdir Moizinho. No DF existem 124 laboratórios de informática. Ainda é pouco para as 600 escolas do ensino públi-co, mas já fazem diferença para centenas de alunos. "Depois que falamos que tinha internet na escola, mamãe deixou a gente chegar mais cedo todos os dias para pesquisar", narra a estudante do Centro Educacional 02 de Brazlândia, Tamires Piassi, de 11 anos. Ela e o irmão Thiago Piassi, que moram na zona Rural Incra 6, descobriram uma nova rotina quando a escola em que estudam liberou o acesso monitorado à Internet. "No começo eu nem sabia mexer direito no mouse, achava tudo meio difícil", conta Tamires.

Já para Rafãl Câmara, de 15 anos, estudante do 2º ano do Centro Educacional Sigma, a internet no colégio não chegou a ser uma novidade, mas também fez diferença. Por meio do portal do site do colégio, obtém uma série de informações sobre os estudos. Dos conteúdos para provas específicas das disciplinas a uma série de sugestões de links e material extra para um estudo mais aprofundado para o vestibular. "Facilita demais a vida dos alunos interessados", garante o estudante.

Portal educacional

O site do Sigma é ligado ao Portal Educacional (www.educacional.com.br), que serve a centenas de escolas no Brasil e tem conteúdo direcionado ao ambiente escolar e atinge quase meio milhão de usuários. Este e outros portais e páginas educacionais, como o Aprendiz (www.aprendiz.com.br), o Portal Positivo (www.portalpositivo.com.br) e o Universia (www.universia.com.br), procuram indicar um rumo certo para estudantes dentro das milhares de opções disponíveis na internet. No colégio Galois, foi inaugurada a Eschola.com, em que pré-vestibulandos fazem cursinho totalmente pela internet, com exercícios e tira-dúvidas online - e a preços mais acessíveis que o convencional.

"A internet pode revolucionar o ensino, tendo em vista as possibilidades de comunicação e de interatividade que ela permite. Tem potencial para revolucionar a educação justamente porque impõe, por ela própria, uma nova modalidade de leitura, novos modos de produção do conhecimento, de compartilhamento de informações. No entanto, o uso da web é ainda embrionário em termos educativos", analisa o educador Gilberto Lacerda.

"Um dos desafios dos educadores é fazer os estudantes transitarem com qualidade, informação e senso crítico na web", afirma Samuel Lago. Para a orientadora de ensino médio do Sigma, Fabiana Puttini, os alunos mexem na internet, mas de forma errada. "A orientação do Portal e dos professores é indispensável".

Com boas dicas, de fato não é difícil encontrar bons usos da internet. Caso do site governamental Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br), que põe à disposição milhares de obras literárias, fotografias e vídeos para download gratuito. No Do-ce de Letra (www.docedeletra.com.br), há literatura e, no Jangada Brasil (www.jangadabrasil.com.br), muitas informações culturais sobre o país. Exemplos concretos de que o uso correto da informática leva ao crescimento do aprendizado - e sem contra-indicações.

Fonte: Correio Braziliense

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