quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Famílias do bairro Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA) aguardam sentença de processo contra a empresa Gusa Nordeste


A empresa faz parte de um grupo de cinco siderúrgicas que se instalaram 

na região na década de 80




Desvalorização de imóveis, danos morais, à saúde e ao bem estar. São esses alguns dos motivos pelos quais 21 famílias do bairro Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA) processam a empresa Gusa Nordeste. A empresa faz parte de um grupo de cinco siderúrgicas que se instalaram na região na década de 80.Poluicao em Piquia de Baixo. Foto de Usina CTAHA defesa das famílias pede, desde 2005, a condenação da empresa pelos danos materiais e morais sofridos por cada família.De acordo com Danilo Chammas, Advogado da Associação Comunitária dos Moradores de Piquiá de Baixo, esse número de famílias não representa 10% do total de famílias que mora do bairro. “Elas são as que vivem mais próximas da empresa e consequentemente são mais afetadas”, explica.O processo acelerou em 2007, quando foi realizada uma perícia técnica pelo Biólogo Dr. Ulisses Brigatto. O laudo concluiu que “a presença de emissões de fuligem, água contendo resíduos metálicos e ruídos são certamente prejudiciais à saúde humana. (...) Existem muitas habitações nesta região que são atingidas pelas descargas gasosas. A água de resfriamento dos altos-fornos sai aquecida do pátio da empresa, contendo metais dissolvidos e é forte o cheiro de ferro oxidado. (...) Essa água pode sim contaminar os quintais das casas e as pessoas que ali habitam, sobretudo crianças”.No ano de 2008, ocorreram audiências para ouvir as testemunhas dos moradores e da empresa. Nos últimos três anos as investigações não avançaram pela dificuldade de localizar uma testemunha indicada pela Gusa Nordeste. A empresa apresentou três endereços diferentes, fato que adiou pelo menos quatro audiências.Segundo os advogados das famílias, Vera Alves Carvalho e Elias Diniz, no último dia 9 de novembro aconteceria a audiência para ouvir essa testemunha que já foi identificada, mas por motivos de doença da juíza responsável pelo caso, a audiência mais uma vez foi adiada. A próxima data será dia quatro de fevereiro de 2013, em Imperatriz. “Assim, a justiça caminha em passos lentos na responsabilização das empresas que cometem prejuízos ao meio ambiente impactando a comunidade; desde 2005 o processo é arrastado, a empresa se mantém calada e as pessoas continuam vivendo em situação insalubre”, relata Vera Alves Carvalho.Piquia de Baixo. Foto de Usina CTAH (1)Em outras localidades do Brasil e do mundo acontecem casos semelhantes. Em novembro de 2011, no Espírito Santo, o presidente da Gusa Nordeste, Ricardo Nascimento, chegou a ser preso após investigações realizadas pelo núcleo de repressão das organizações criminosas e a corrupção das polícias civil e militar do Espírito Santo. A acusação foi de que o empresário seria responsável pela compra de R$ 107.608,000,00 em carvão vegetal com fortes indícios de irregularidades.No Rio de Janeiro o ministério público estadual está movendo uma ação criminal contra três diretores da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), uma parceria da alemã Thyssen Krupp com a brasileira Vale, pelo crime de poluição previsto na lista dos crimes ambientais. Os diretores podem ser condenados com uma pena de até 5 anos de reclusão.Na Itália tem o caso da siderúrgica ILVA, na cidade de Taranto, que há muitos anos gera poluição, contaminação e doenças para milhares de pessoas que habitam o bairro de Tamburi. Essa empresa recebeu uma ordem judicial em 30 de julho desse ano para parar a produção.A situação de Tamburi é bastante similar a de Piquiá de Baixo, no Maranhão, e a do Rio de Janeiro. Outro fator em comum está no fato de que o minério de ferro processado pela ILVA é proveniente das minas de Carajás. Foi no porto de Taranto que atracou pela primeira vez, em maio do ano passado, o maior navio graneleiro do mundo, de propriedade da Vale, que saiu de São Luís.Apesar de todas essas evidências, a produção siderúrgica em Açailândia continua inalterada, sem nenhuma multa ou algum tipo de filtro instalado. O fornecimento de minério pela Vale às siderúrgicas de Açailândia e Taranto e a colaboração da Vale com a Thyssen Krupp no Rio de Janeiro, não são atividades comerciais questionadas pela mineradora brasileira, mesmo sendo uma prática de violação dos direitos humanos e ambientais.Rede Justiça nos Trilhos

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