segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Construção inacabada de escola é símbolo do descaso com a Educação no Estado do Maranhão-O mesmo acontece em São Francisco do Brejão.


POR JULLY CAMILO
Moradores da Cidade Olímpica denunciam que a construção do que era para ser a primeira escola estadual de Ensino Médio do bairro continua parada desde julho de 2010, exibindo um cenário de depredação e abandono. A obra inacabada – situada na Rua 9, quadra 93 – foi projetada para abrigar cerca de 1.400 alunos, contando com 12 salas, um refeitório, uma biblioteca, uma sala de informática, secretaria e quadra esportiva. Porém, o local foi tomado pelo mato e tem servido apenas de abrigo para usuários de drogas e assaltantes, levando insegurança aos moradores.
Foto: G. Ferreira
Lixo e mato cercam a escola inacabada e depredada na Cidade Olímpica
De acordo com a dona de casa Dara Lima, de 32 anos, moradora do bairro há 10 anos, a obra foi iniciada no governo Jackson Lago, em 2008, mas parou após o início do mandato da atual governadora Roseana Sarney, em abril de 2009. Ela ressaltou que Lago havia feito muitas promessas à comunidade da área e mostrava que iria cumprir com boa parte delas se não tivesse sido forçado a deixar o governo. “Não temos escola de nível médio no bairro, mas com a construção do colégio os moradores ficaram radiantes. Nossos filhos são obrigados a estudar em bairros vizinhos por conta da escassez de escolas e vagas na Cidade Olímpica. Roseana nunca olhou por nós, só nos visitou quando estava em campanha. Já fizemos várias manifestações na tentativa de dar continuidade às obras da escola, mas nunca fomos ouvidos”, disse Dara.
O ajudante de pedreiro Ernani Diniz, 43, reiterou o depoimento da dona de casa e informou que a construção da escola foi iniciada em outubro de 2008 e, após uma paralisação, em 2009, em decorrência da troca de governo, os serviços foram retomados somente em maio de 2010.
Foto: G. Ferreira
Boa parte das telhas e das instalações elétricas já foi roubada
Porém, em julho do ano passado, quando já estava concluída a parte elétrica e hidráulica, além do telhado e do assoalho, houve uma nova e definitiva paralisação. “De 2008 até meados de 2009 havia dois vigias no local para impedir que o material de construção fosse roubado. Mas agora até os portões foram arrancados. A fiação elétrica, as telhas e as vigas do telhado também estão sendo roubadas, e com isso o dinheiro público e a educação dos nossos filhos também”, declarou Ernani.
Com o abandono da obra, as dependências do que deveria ser uma escola de grande porte vêm servindo apenas como ponto de fuga de assaltantes, abrigo de usuários de drogas, além de banheiro e até “motel” improvisado.
A reportagem do Jornal Pequeno constatou que as paredes estão avariadas e parte do telhado, escorado por vigas, ameaça desabar a qualquer momento. Os locais onde deveriam funcionar salas de aula estão tomados por preservativos usados, lixo e até fezes humanas.
Segundo o presidente da Associação dos Moradores da Cidade Olímpica (Amcol), João Batista Lira, várias providências já foram tomadas no intuito de cobrar e pressionar o governo a retomar as obras de construção da instituição de ensino, mas nada foi feito até o momento. O líder comunitário explicou que desde 2009 tem enviando ofícios à governadora Roseana Sarney (PMDB) e à Secretaria de Educação (Seduc), mas nunca teve a solicitação atendida.
Foto: G. Ferreira
Fezes humanas tomam conta dos locais que deveriam ser salas de aula
“Já informamos o caso a Promotoria de Educação e tivemos reuniões presenciais na Secretaria de Educação, mas a desculpa que nos deram foi de que toda a verba para a construção da escola havia sido gasta na administração anterior e que a empresa contratada também teria gasto todo o recurso sem finalizar a obra. Portanto, seria necessário mais R$ 1,4 milhão para concluir os serviços finais, bem como um novo processo licitatório”, afirmou Lira.
O líder comunitário disse ainda que a Cidade Olímpica tem 14 anos de fundação e conta com aproximadamente 97 mil habitantes. Ele ressaltou que centenas de estudantes na faixa etária dos 15 aos 17 anos precisam entrar no Ensino Médio, mas devido à carência de escolas não têm oportunidade de estudar no próprio bairro.
Outro lado – Em e-mail enviado ao JP, a Seduc informa que adotou todas as providências necessárias para a continuidade das obras de construção do prédio do Centro de Ensino Médio da Cidade Olímpica. Para este fim, está em tramitação na Secretaria o processo nº 2695/2011, no valor de R$ 1.247.827,33 para a conclusão da obra, que irá beneficiar aproximadamente 1,4 mil alunos. O processo licitatório está em fase de recurso documental e o prazo para que as empresas participantes apresentem seus recursos termina nesta quarta-feira, 21.
A Seduc reiterou, ainda, que os estudantes não foram prejudicados e estão matriculados em outras escolas da área, onde existem 10 unidades estaduais de Ensino Médio.
As obras foram paralisadas, segundo a Seduc, porque as empresas contratadas, vencedoras da licitação, não honraram as cláusulas contratuais pactuadas.
A Seduc também informou que obedeceu os trâmites legais para a rescisão dos contratos, a fim de dar início a novo processo licitatório, e esclareceu que mantém diálogo permanente com representantes da comunidade, com a finalidade de informar as medidas adotadas para o reinício das obras.
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