Segundo o delegado Luís André, fraudes justificam baixo IDH de municípios. Maranhão é o Estado com maior número de crimes de agiotagem do país.
O Maranhão conta com cerca de 700 inquéritos envolvendo desvios de recursos, fraude de licitações em prefeituras. “Fazendo uma projeção bastante ‘otimista’, algo em torno de 90% dos municípios do Maranhão possui uma investigação em curso, o que revela um quadro muito triste em nosso estado e que justifica o baixo IDH do Estado. Em números absolutos, é o Estado com o maior número de crimes dessa monta. Conseguimos superar São Paulo”, afirmou o delegado Luís André Almeida, que coordena a Operação Cheque em Branco.
A Operação realizou nesta sexta-feira (27) 10 conduções coercitivas, entre ex-prefeitos, ex-secretários e empresários. Foram apresentadas provas dos desvios de dinheiro de sete municípios: Arari, Serrano do Maranhão, Pedro do Rosário, Paulo Ramos, Cajapió, Vitória do Mearim e Turilândia. Os sete ex-prefeitos foram ouvidos.
“Esses gestores contraíam dívidas durante as eleições para ascender ao cargo púbico, com quadrilha de agiotas. O pagamento era feito com fraudes licitatórias, por meio de repasses federais, municipais e outros constitucionais. O que era mais estarrecedor é exatamente o modo de pagamento, que era muito peculiar. Muitos repassavam cheques em brancos, assinados, ou guias de saques em brancos, o que possibilitava à quadrilha uma verdadeira gestão dos recursos do município pela quadrilha. Era uma verdadeira transferência de responsabilidades”, disse o delegado.
A Polícia Federal confirmou, nesta sexta-feira (27) que 32 prefeituras do Maranhão estão sendo investigadas por desvio de recursos federais comandados por quadrilhas de agiotas.
“Sete ex-prefeitos foram intimados. As outras 25 investigações prosseguem, a um ritmo que é muito peculiar a essas investigações, pois envolve análise de contas, sigilos fiscais, movimentações bancárias. É preciso que se aprimorem para que no momento certo possamos intimar todos os envolvidos”.
Os ex-gestores vão responder pelo crime previsto no decreto lei nº 201, que é um crime de responsabilidade de prefeitos, que trata de desvio de recursos públicos. “A devolução espontânea dos recursos desviados me parece que não é clara, mas a polícia e os órgãos de controle vão fazer seu trabalho para que seja feita a recuperação desse montante”, concluiu.
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