Escolas acreditam que o uso de dispositivos como celular e tablets entre as classes deverá crescer,
mas ressaltam o equilíbrio como forma de educar e ensinar as disciplinas sem dispersão dos alunos
Foto: Rúbio GuimarãesUso de celular em sala de aula, na maioria das escolas, é proibido. Mas professores liberam uso de internet em favor da aula
As novas gerações tendem a ter mais facilidade de usar a internet e burlar os sistemas de segurança criados pelos professores. Há colégios que permitem a utilização de smart phones para o acesso à internet desde que seja em favor da aula, entretanto, o difícil é controlar o que e como os alunos aproveitam esses meios.
Célia Ruas, coordenadora pedagógica do 1º ao 9º ano da escola Monteiro Lobato aprova a tecnologia dentro do colégio. “É um sinal de que os alunos estão inseridos no mundo de hoje e isso facilita o nosso trabalho, com o conhecimento que eles nos trazem. Há uma troca orientada, consciente e responsável. Hoje os alunos têm celulares com acesso à internet, então o professor libera, quando vai apoiar o estudo”, observa.
A professora diz estar encantada com a rapidez como tudo acontece. “Eles estão sempre a par de tudo e porque não usar uma coisa que eles conhecem? E sem barreiras, não há constrangimento”, afirma. Mas ela ressalta que tem de haver diálogo por parte do professor para que nada passe do controle. “Eles conseguem entender que têm tempo para tudo. Se a gente disser que não pode, eles não vão querer”, ressalta.
O coordenador de física do Colégio Sigma, André Frattezi, também acredita que a tecnologia veio para somar. “Vejo esse avanço tecnológico entre os alunos com muito bons olhos, mas acho que ela pode ser usada bem ou mal. E depende de nós darmos uma melhor orientação aos alunos, pois não podemos culpar crianças e adolescentes.”
No Colégio Sigma, o celular é proibido na sala de aula, assim como nas demais escolas. Porém, o colégio vem com uma proposta de implantar o uso de tablets, no próximo ano, com o intuito de substituir os livros. “Teremos suporte para todas as plataformas e o material do dispositivo não será on-line. Agora os livros virão com áudio, filme e animação. O controle virá do professor, que motivará os alunos a terem bom senso. Não poderemos controlar o 3G. Finalmente podemos trazer a tecnologia para a sala de aula!”
Desde pequenas Bruna Tubino Sady Carneiro, de 10 anos, acabou de ganhar um smartphone e tem celular desde os cinco anos de idade, o que comprova sua facilidade com as tecnologias. “Eu adoro, mas sei que na sala de aula não pode usar. Então deixo para acessar os programas em casa ou quando descemos para o pátio”, conta. Todos os seus amigos têm celular e tablets também. Sua mãe, Dione Tubino, diz que a tendência é que a tecnologia sobressaia também na escola. “Cada vez mais os jovens descobrem coisas. Em casa, procuro determinar horas de estudar, de fazer a tarefa de casa, e depois, tempo livre. Temos de saber equilibrar e educar as crianças”, argumenta.
Falta de preparo no país. A diretora do Colégio Galois, Dulcinéia Marques, acredita que essa tecnologia ainda não pode ser agregada ao modelo de educação no Brasil. “Ainda utilizamos o modelo do século passado, onde o professor é regente, usa lousa, tem que discorrer o conteúdo, ter atenção do aluno, para que o mesmo possa compreender o assunto e desenvolvê-lo através das atividades. Para isso, tem de haver atenção e foco. A partir do momento que você permite uso de celular e de tecnologia, você permite vários focos ao mesmo tempo.”
Ela acredita que os alunos ainda não têm maturidade para lidar com as duas coisas e, por isso, não aconselha o uso de nenhum instrumento tecnológico na sala de aula. “Se os estudantes ficam com o celular, eles passam mensagem, se comunicam e se distraem na aula. É diferente de levar o aluno para o laboratório e o professor conduzir."
A professora contou ainda que, no mês passado, participou do Congresso Mundial de Educação, em Curitiba, com a presença de cientistas da educação do mundo inteiro e, por unanimidade, as necessidades básicas da educação não se aproximam da tecnologia. “Acredito que ela ajude como suporte, mas não seja essencial dentro da sala de aula”, opina.
Amandda Souza
achristina@jornaldacomunidade.com.br Redação Jornal da Comunidade
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